18 dias após minha cirurgia, ontem retornei ao hospital para ouvir do médico o diagnóstico: "curado".
Já não há câncer no meu corpo. A cicatrização vai bem. Muitos exercícios pela frente para recuperar minha dicção, alguns movimentos de língua, mandíbula e pescoço, e restaurar algumas cadeias musculares. Um desafio e tanto.
Internamente meu desejo é seguir praticando e estudando Yoga, me reestabeler bem para poder voltar à servir dentro das minhas possibilidades.
Durante este processo todo tenho me deparado com muitas reflexões em relação ao que consideramos saúde, e o que nossa sociedade (não) oferece nesse campo, e o que nos cabe fazer em meio a isso. E gostaria de compartilhar de forma sucinta um pouco destes pensamentos.
Estamos expostos cotidianamente à um alto grau de toxicidade, de diversas naturezas: Química, seja na água (resíduos agrotóxicos), no ar, na comida (industrial ou não), nas roupas, nos cosméticos; Psicológica: em família, nos relacionamentos, no trabalho, na vida em sociedade em geral; e boa parte de nós procura aliviar suas tensões psicológicas e sociais com comida, bebida, consumo de roupas ou cosméticos, etc...
O chamado sistema de saúde, em geral é apenas um sistema de combate à doenças, e que muitas vezes acaba sendo na prática apenas um sistema de combate à sintomas de doenças. Pois não tem capacidade de promover uma mudança efetiva no modo de vida tóxico que leva direta ou indiretamente à doença.
Além disso, a desigualdade social faz com que a maior parcela da população não tenha nem condições de se preocupar com isso pois está ocupada com a sobrevivência no nível mas básico, basal. Subjugada, na máquina de moer gente que é o sistema capitalista.
O que sobra, neste sistema, é uma abordagem tecnicista, elitizada e glamourizada, chamada de "saúde e bem-estar", a indústria do "wellness", que no fundo também operam como paleativos, pois não questionam a toxicidade inerente da máquina de moer gente em que (quase) todos nós vivemos.
Minha conclusão, temporária, é que buscar se manter saudável de forma integral, holística, e coletiva, é uma luta constante, um ato revolucionário de resistência.
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